A Brunsker, empresa brasileira de tecnologia, considera entrar na Justiça em busca de uma indenização por desgastes sofridos em decorrência de um embate com a gigante americana Oracle. Segundo o presidente do escritório EvidJuri, Sthefano Cruvinel, que representa a Brunsker, a indenização seria “proporcional às perdas da clientela e funcionários, e ao assédio que foi feito (pela Oracle)” contra a empresa brasileira. A posição do escritório vem na esteira de uma disputa judicial iniciada em 2022, quando a Brunsker entrou com uma ação questionando uma fatura acumulada de 5,3 milhões de reais cobrada pela empresa estrangeira.
A cobrança derivava de um aumento substancial no valor de um contrato entre as duas empresas, que saltou de 43 mil reais por mês — valor inicialmente acordado — para um pico de cerca de 500 mil reais por mês, em decorrência de supostos excedentes no uso da tecnologia da Oracle pela Brunsker. A primeira instância judicial deliberou contra a empresa brasileira, a obrigando a pagar o montante devido à multinacional, além da correção monetária do valor. No entanto, a sentença foi anulada pela segunda instância no início deste ano, em caso relatado pelo desembargador Lavinio Donizetti Paschoalao, do Tribunal de Justiça de São Paulo. O desembargador foi um dos que votou favoravelmente à Brunsker por entender que o processo carecia de provas orais e periciais de que todos os valores lançados nas notas fiscais se referem a serviços efetivamente prestados pela Oracle ou com inadimplência por parte da brasileira.
Brunsker vê conluio entre Oracle e empresa parceira
Na visão dos representantes da Brunsker, a fatura milionária da qual decorreu o embate judicial consiste em uma ação coordenada entre a multinacional americana e a empresa brasileira Skyone, também do ramo de tecnologia. À Skyone, que faz parte da rede de parceiros global da Oracle e a considera estratégica para seu negócio, fez uma oferta para comprar 50% da Brunsker por três milhões de reais. O valor foi considerado irrisório pela empresa, que então faturava cerca de 600 mil reais por mês, e foi prontamente recusado.
“Se você não nos vender, a Oracle vai te esmagar”, é uma frase que teria sido dita por executivos da Skyone à presidência da Brunsker, segundo relato de Cruvinel ao Radar Econômico. O advogado, que se refere à Skyone como “canal da Oracle no Brasil”, considera que a ameaça foi cumprida, vide a escalada da cobrança da multinacional sobre a Brunsker. A avaliação é de que, caso a dívida fosse cobrada, a empresa brasileira iria à falência.
Meses após a anulação da sentença pela segunda instância, em outubro de 2024, um executivo da Skyone sugeriu que a empresa ainda estaria interessada em adquirir a Brunsker, segundo Cruvinel. A Oracle não respondeu a tentativa de contato da coluna até o momento da publicação da reportagem. Também procurada, a Skyone enviou uma nota com sua posição sobre o caso, que pode ser lida na íntegra a seguir:
A Skyone nega veementemente as acusações relacionadas a uma suposta tentativa de aquisição hostil da empresa Brunsker. A empresa destaca que não comenta detalhes de negócios, uma vez que tais informações são contratualmente protegidas e de caráter sigiloso, conforme os princípios que regem as operações dessa natureza.
A companhia reafirma o seu compromisso com os mais altos padrões de integridade e ética nas relações com parceiros comerciais, clientes, colaboradores e fornecedores, além de reiterar seu foco em continuar desenvolvendo soluções que impactem positivamente o mercado.
Fonte: Veja
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