Post de curiosidades sobre a pessoa ou da foto do perfil no WhatsApp pode ser usado para aplicar golpes
Todo mundo que usa redes sociais já viu um, dois ou dezenas de posts parecidos recentemente: "Conte 5 curiosidades sobre sua vida", "Cite sua música preferida de David Bowie", "Mostre suas fotos de agora e de 10 anos atrás". Apesar de parecer algo inofensivo e divertido, as pessoas que participam dessas correntes, as chamadas trends, põem na internet informações pessoais para quem quiser ver.
Além de amigos e familiares que estão interagindo com a postagem, criminosos também podem estar aproveitando o momento para coletar dados e elaborar golpes e até para tentar clonar ou invadir um perfil em alguma plataforma digital.
Quando o usuário participa da corrente que pede que ele publique a foto atual do WhatsApp, por exemplo, a imagem pode ser copiada e armazenada por alguém com segundas intenções. Assim, fica mais fácil clonar a conta de WhatsApp da pessoa e aplicar golpes pedindo transferências de dinheiro, o conhecido golpe do Pix.
Tudo isso é parte da chamada "engenharia social", que são técnicas para fazer com que a pessoa compartilhe, sem perceber, dados pessoais. Ou seja, a vítima entrega aos criminosos informações que são usadas para planejar um crime contra ela mesma.
Uma foto clássica de todo mundo que sai de férias é aquela com o bilhete de embarque em mãos. Essa postagem mostra para os criminosos que a pessoa vai viajar, qual empresa aérea emitiu a passagem, o destino, o horário do voo e o assento no avião. Com todas essas informações, os criminosos conseguem criar um e-mail pedindo dados cadastrais ou até a cobrança de uma taxa, por exemplo. Nesse caso, não foi necessário invadir o celular da vítima ou instalar algo no aparelho, bastou ter acesso a um post nas redes sociais.
Cuidados nas redes
Para o especialista em tecnologia e professor da FGV-RJ, Arthur Igreja, os usuários precisam tomar cuidado no momento de compartilhar informações pessoais, especialmente se tiverem um perfil público nas redes sociais.
"Falta uma certa malícia para as pessoas entenderem que a internet não é um ambiente absolutamente inocente. Essas correntes vêm embaladas em gamificação, em diversão, aí acontece um golpe e a pessoa fica chocada. Acho que falta um certo cuidado, um pouco de autoproteção", afirma o especialista.
Para Igreja, o ideal é que o usuário reflita um pouco antes de compartilhar suas informações, especialmente em perfis abertos. "Imagina se eu participo de uma dessas correntes e compartilho algo pessoal meu. Daqui a dois meses alguém clona a minha conta e usa o que eu compartilhei pra fingir intimidade e pedir um depósito por Pix, por exemplo. Eu nem vou saber de onde veio", alerta.
Ao mesmo tempo, o especialista explica que é possível que a pessoa se proteja sem deixar de aproveitar as redes sociais. Um bom exemplo são as correntes de Instagram. Em vez de compartilhar as informações com o perfil aberto, o usuário pode criar um grupo de "close friends" e dividir esse conteúdo apenas com quem seja de confiança.
"Ficar neurótico com tudo não resolve nada, não precisa apagar a rede social, não precisa ter desespero, mas tem que ter cuidado, ficar esperto. Assim como as pessoas não andam na rua com o celular e a carteira na mão porque acham que algo pode acontecer, na internet é a mesma coisa: tem que andar com cuidado", finaliza.
Fonte: Portal R7
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